sábado, 28 de novembro de 2009

O Vestido

Só tomei conhecimento de um fato que tomou proporções nacionais, segunda passada, porém, quando o mesmo já havia acontecido dia 22/10/09 e sido noticiado dias depois. Estou falando do caso da aluna da Universidade Bandeirante- UNIBAN em São Bernardo do Campo, estado de São Paulo. Fiquei muito chocada ao saber da estória e discuti sobre a mesma com alguns amigos, mas mesmo assim, o fato não me saiu da cabeça. Pesquisei algumas notas na internet e resolvi escrever a coluna desta semana.
Mas o que uma coluna de Moda tem a ver com isso? Bom, acho eu que muito. Moda é mudança, é a personificação do efêmero, é comportamento. Comportamento social. A maneira como a aluna se veste e se vestiu naquele dia incomoda a muitos. O vestido e todo o conjunto usado por ela simbolizam estereótipos muito fortes em nossa sociedade. Estranho não? Mais que isso, absurdo! Em pleno século 21 no fim de uma década, temos que nos deparar com extrema selvageria. Pelas imagens, o vestido era sim curto, tipo década de 1980 em modelagem e cor. As macro-tendências e as tendências de moda dos últimos anos têm revisitado constantemente esta década. Além disso, nada de mais para o calor de uma cidade do interior de São Paulo, onde todos estão acostumados a comprimentos menores. Nossas roupas passam mensagens sim, intencionais ou não do que somos e como enxergamos o mundo, nós mesmos e os outros. Mas existe também o receptor da mensagem, no caso todos os outros, que vêem o que podem de acordo com seu repertório (informações e cultura em geral) pessoal. Mas existe algo muitas vezes mais forte que signos, significantes e significados. O preconceito.
É assustador que algo de grande proporção, como foi o ataque a aluna da UNIBAN, tenha sido causado por um simples vestido. Existe alguém usando aquela roupa, um ser humano e as pessoas não podem perder isso de vista. Uma pessoa que foi gravemente ofendida, agredida verbalmente e por que não dizer, traumatizada. O que dá direito a um grupo atacar alguém? Não sei, tento pensar... Quando as pessoas se unem em grandes massas, o ser humano, único e individual parece desaparecer. Só existe a turba, a multidão e estas parecem ser cheia de direitos. Direitos escolhidos ali, sem nenhum critério ou reflexão. Infelizmente, quando surgem situações como essas nos questionamos e refletimos. Para que coisas grotescas assim deixem de acontecer, temos que falar sobre elas e (re) afirmar cada vez mais nossa liberdade de escolha em todos os aspectos de nossas vidas. Vestir-se é uma das melhores expressões de nós mesmos. Moda é comportamento e, portanto, vamos ter mais respeito com as escolhas alheias.

2 comentários:

Lucas Valencio disse...

Fabianna :O
parabéns ficou perfeito seu texto , concordo plenamente com cada linha ...
eu tambem acho que isso foi totalmente ridiculo, as pessoas quando estão em grande numero não pensam no individuo como semelhante de si mesmo , mas o veem (nesse caso, da aluna) como "ameaça" aos seu costumes, modos e tal.

Unknown disse...

e se o vestido fosse amarelo, ela teria apanhado?