quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

sábado, 28 de novembro de 2009

O Vestido

Só tomei conhecimento de um fato que tomou proporções nacionais, segunda passada, porém, quando o mesmo já havia acontecido dia 22/10/09 e sido noticiado dias depois. Estou falando do caso da aluna da Universidade Bandeirante- UNIBAN em São Bernardo do Campo, estado de São Paulo. Fiquei muito chocada ao saber da estória e discuti sobre a mesma com alguns amigos, mas mesmo assim, o fato não me saiu da cabeça. Pesquisei algumas notas na internet e resolvi escrever a coluna desta semana.
Mas o que uma coluna de Moda tem a ver com isso? Bom, acho eu que muito. Moda é mudança, é a personificação do efêmero, é comportamento. Comportamento social. A maneira como a aluna se veste e se vestiu naquele dia incomoda a muitos. O vestido e todo o conjunto usado por ela simbolizam estereótipos muito fortes em nossa sociedade. Estranho não? Mais que isso, absurdo! Em pleno século 21 no fim de uma década, temos que nos deparar com extrema selvageria. Pelas imagens, o vestido era sim curto, tipo década de 1980 em modelagem e cor. As macro-tendências e as tendências de moda dos últimos anos têm revisitado constantemente esta década. Além disso, nada de mais para o calor de uma cidade do interior de São Paulo, onde todos estão acostumados a comprimentos menores. Nossas roupas passam mensagens sim, intencionais ou não do que somos e como enxergamos o mundo, nós mesmos e os outros. Mas existe também o receptor da mensagem, no caso todos os outros, que vêem o que podem de acordo com seu repertório (informações e cultura em geral) pessoal. Mas existe algo muitas vezes mais forte que signos, significantes e significados. O preconceito.
É assustador que algo de grande proporção, como foi o ataque a aluna da UNIBAN, tenha sido causado por um simples vestido. Existe alguém usando aquela roupa, um ser humano e as pessoas não podem perder isso de vista. Uma pessoa que foi gravemente ofendida, agredida verbalmente e por que não dizer, traumatizada. O que dá direito a um grupo atacar alguém? Não sei, tento pensar... Quando as pessoas se unem em grandes massas, o ser humano, único e individual parece desaparecer. Só existe a turba, a multidão e estas parecem ser cheia de direitos. Direitos escolhidos ali, sem nenhum critério ou reflexão. Infelizmente, quando surgem situações como essas nos questionamos e refletimos. Para que coisas grotescas assim deixem de acontecer, temos que falar sobre elas e (re) afirmar cada vez mais nossa liberdade de escolha em todos os aspectos de nossas vidas. Vestir-se é uma das melhores expressões de nós mesmos. Moda é comportamento e, portanto, vamos ter mais respeito com as escolhas alheias.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Moda e Arte, ou vice-versa

A Moda em nossos dias tem status social elevadíssimo. Muitos se questionam de ela ser ou não arte. Sinal dos tempos ou talvez um caminho percorrido ao longo de grandes períodos da história? Na verdade a questão da aproximação Moda e Arte, e até de questionamentos se Moda é Arte, tiveram suas raízes no fim do século 19, com a figura nascente do costureiro tido como gênio criador. O primeiro deles foi Charles Frederick Worth, um inglês que montou sua maison em Paris e mudou conceitos. Agora quem dita à moda são os criadores e não mais as classes abastadas. Nós criadores, dizemos o que deve ser usado. A Alta Costura surge pelas mãos de Worth e de outros pioneiros (Poiret, Chanel, Patou, etc.) tudo isso só é possível pela modernidade e pelos ideais de originalidade tão em voga. É do início do século 20 o fenômeno das vanguardas artísticas. A busca e a vontade de estar à frente também fazem parte do imaginário dos costureiros, eles romperam paradigmas no vestuário e na moda, assim como os artistas fizeram com as escolas anteriores. Os grandes da Alta Costura que marcaram seu nome na história da moda eram colegas e muitas vezes amigos dos grandes das Artes Visuais. Realizaram experimentos e trabalhos juntos. Fizeram figurinos e cenários para espetáculos teatrais.
Sim, Paris é uma grande e efervescente festa.
Na década de 1960, Yves Saint Laurent inspira-se e usa como tema para suas coleções obras de artistas plásticos. A coleção de maior visibilidade foi a que homenageava Piet Mondrian e correu o mundo em fotos da revista Vogue.
Mesmo assim, existem muitos questionamentos em aberto. Quem será capaz de afirmar que a moda é sim arte? Difícil definir, fechar a questão. Serei o advogado do Diabo. Certamente vestuário não é Arte, é produzido em ampla escala, qualquer um pode ter acesso. Mas e a Arte Contemporânea? Muitas vezes também é feita em grande escala e com esse propósito para muitos. As roupas são tão efêmeras, mas o que não o é? Difícil. A meu ver o que importa é que as duas “conversam”, tem fortes ligações e diálogo a mais de cem anos. Tudo aquilo que tem conceitos, ideologias e busca pela estética está de uma forma ou de outra ligada, influenciando e sendo influenciada, nada é novo na atualidade.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um Pouco De Teoria

Ultimamente tenho lido muita teoria de Moda, pela necessidade de me atualizar para as minhas aulas na faculdade. Porém, dentre uma variedade de títulos, um clássico da literatura de moda escrito na década de 1980 me chama a atenção pela sua atualidade, leveza e ao mesmo tempo profundidade. O Império do Efêmero – A Moda e seus destinos nas sociedades modernas, de Gilles Lipovetsky é um livro básico e simplesmente necessário na vida daqueles que pretendem estudar ou trabalhar com a moda em qualquer dos seus aspectos. O livro traça um panorama histórico da Arte, das diversas civilizações ocidentais, do vestuário e do surgimento da Moda (e os por quês deste surgimento) de forma leve e agradável. Nos mostra todas as relações sociais, do macro ao micro, que permeiam esse processo. Sim, a moda não está isolada da vida social! E quando falo de social falo de seu sentido mais profundo, antropológico, de relacionamento humano. Mas por que falar de um livro específico de estudo da moda, em uma coluna que busca ter um tom leve e descompromissado do mundo acadêmico? Acho que conhecimento nunca é demais, além disso, ler esse livro especificamente é um passeio pela História, só que do ponto de vista dos costumes, das frivolidades, dos gostos e dos excessos. É sempre bom revermos nossos conteúdos e conceitos e intercalar os conhecimentos, nos abrirmos para o novo. Fala-se muito de moda sem embasamento, talvez seja à hora de ter livros do assunto na cabeceira da cama. Ou não. Você escolhe. Pode-se começar pelos mais leves e também pelos de auto-ajuda, pode ser bem divertido. Se informar sobre moda é conhecer sobre o ser humano e o meio que ele está inserido. É falar sobre relações de poder e de classe. É conhecer mais sobre si mesmo.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Na dúvida Use All Star

Antes de começar a escrever o artigo desta semana fiquei em dúvida quanto ao que as pessoas, no caso os leitores, esperam de uma coluna de moda em um jornal. Informações históricas, tendências, aprofundamento acadêmico ou dicas para se vestir sem errar, o famoso Certo e Errado das revistas? Não sei, acho que a princípio o Certo e Errado seduz bastante, mas um pouco de tudo, misturado de modo leve e agradável, a meu ver interessa mais. Vamos nos ater a princípio no dito certo e errado. Será que existe certo e errado? Para quem? Moda significa mudança, mudanças constantes. Desde o fim da idade média, quando a moda surgiu no ocidente, a humanidade passa por seus reveses. Mas nos dias de hoje temos grande liberdade de escolha de cores, formas, tecidos, acessórios e estilos, que estão à disposição de todos por variados preços. Então o que nos faz vestir dessa maneira e não daquela? Pergunta complexa de responder em apenas uma coluna. A forma como nos apresentamos ao mundo diz muito sobre nós mesmos, o que pensamos e no que acreditamos, e principalmente, como nos inserimos na sociedade como um todo. Embora as revistas simplistas queiram nos fazer acreditar, não existe um único certo e errado que abarque todos os seres humanos viventes. Cada qual tem suas próprias vontades e modos de se exprimir e escolhemos roupas para isso. Claro que nossas escolhas não são isentas, estamos inseridos no social e desta forma somos influenciados por ele. Queremos o diferencial, mas ao mesmo tempo, queremos pertencer ao grupo. Difícil? Sim e não. Todas essas coisas não se dão de modo tão consciente assim. Mas de repente está ali, a espreita, o dito certo e errado. O que fazer? Ser você mesmo! Não se importar com convenções e regras sem fundamentos. Muitas vezes as pessoas não questionam determinadas regras e apenas as cumprem como se fossem ser punidas se não o fizerem. A única regra que deve ser obedecida é a do seu bom senso. Bom senso mesmo. Seja honesto com você e com seu corpo. Olhe-se no espelho sempre. Essa peça me serve de verdade? Estou realmente confortável e a vontade com ela? Se você for honesto, dificilmente errará. Pois normalmente o que essas colunas apontam são questões de proporções (tamanhos e comprimentos), padrões (estampas e tecidos) e cores. Tudo que você mesmo pode resolver se agir com bom senso.
E caso tenha dúvida, faça como eu, vá de All Star.

Faz tempo

Olá amigos,
nem sei se vocês ainda tentam ler alguma coisa por aqui. Faz tanto tempo que não posto nada. Que vergonha!!
Mas agora voltarei a postar...Estou escrevendo uma coluna de Moda despretenciosa para um jornal online o www.jornalcaicara.com.br. Vou postar os primeiros textos já publicados aos poucos e depois ao mesmo tempo que vai ao ar no jornal.
Beijos...

quinta-feira, 7 de maio de 2009